quinta-feira, 4 de março de 2010

Cérebro humano rejeita desigualdade


O cérebro de uma pessoa “rica” se alegra quando um “pobre” ganha algum dinheiro, mas o cérebro do “pobre” não acha graça em ver o “rico” enriquecer ainda mais, o que sugere a presença de um instinto de aversão à desigualdade instalado no cérebro humano.

“Ricos” e “pobres”, no caso, são voluntários de um experimento envolvendo ressonância magnética e distribuição desigual de dinheiro.

O estudo, realizado por pesquisadores dos Estados Unidos e da Irlanda, foi publicado esta semana na revista Nature. “Nós vemos atividade em partes do cérebro associadas à resposta a recompensas quando voluntários observam a si mesmos ou outras pessoas recebendo vantagens monetárias em potencial”, explica um dos autores do trabalho, John O’Doherty, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).

Na realização do estudo, voluntários, divididos em duplas, receberam US$ 30 cada e, em seguida, participaram de sorteios onde, dependendo do resultado, cada um foi designado “rico” (recebendo US$ 50 a mais) ou “pobre” (não recebendo nenhum dinheiro extra).

Os voluntários das duplas foram então submetidos a ressonância magnética funcional do cérebro, enquanto um pesquisador propunha novas transferências de dinheiro para um ou outro membro, analisando a atividade de áreas que reagem ao recebimento de recompensas.

Tanto “ricos” quanto “pobres” tiveram aumento na atividade cerebral das regiões analisadas quando recebiam a proposta de obter mais dinheiro. O cérebro dos “ricos” animava-se mais quando a proposta de ganho era feita ao “pobre” do que quando era dirigida a si mesmo.

No caso dos participantes “pobres”, o efeito era o oposto: a área de recompensa do cérebro era mais estimulada por ganhos próprios do que por pagamentos aos “ricos”. Em contraste com os dados cerebrais registrados, os “ricos” afirmaram que davam mais valor aos pagamentos recebidos pessoalmente do que aos feitos aos “pobres”.

Com a ressalva de que a evolução biológica de fenômenos com a aversão à desigualdade não é sua área de especialização, O’Doherty cita a necessidade de coesão dentro dos grupos humanos como uma possível causa do senso de justiça.


O Liberal Digital
28/02/2010
 

2 comentários:

  1. Em verdade Flávia, o rico necessita do pobre pobre, pois como configurar-se-á "rico", sem a presença de contraste do pobre? É necessário a existência do frio para deninear o efeito do calor, o bem para contraste do mal, e assim por diante.

    Se o rico sente-se bem com o ganho do pobre, é por desencargo de consciência, já que o pobre recebia o que não saía do bolso dele... (do rico).

    É sempre fácil alegra-nos com o que deveriamos ter feito, e terminaram fazendo por nós.

    E verdade são muitas as diferenças criadas pelos preconceitos oriundos do "status" dos bens materiais:

    Rico com uniforme: Coronel.
    Pobre com uniforme: Carregador de malas.

    Rico com pistola: Precavido.
    Pobre com pistola: Assaltante.

    Rico com unhas pintadas: Play Boy.
    Pobre com unhas pintadas: Mariquinha.

    Rico com maleta: Executivo.
    Pobre com maleta: Traficante.

    Rico com chofer: Milionário.
    Pobre com chofer: Preso.

    Rico com sandálias: Turista.
    Pobre com sandálias: Marujo.

    Rico que come muito: Se alimenta bem.
    Pobre que come muito: Morto de fome.

    Rico jogando bilhar: Elegante.
    Pobre jogando bilhar: Viciado.

    Rico lendo jornal: Intelectual.
    Pobre lendo jornal: Procurando emprego.

    Rico se coçando: Alérgico.
    Pobre se coçando: Sarnento.

    Rico correndo: esportista.
    Pobre correndo: Ladrão de carteira.

    Rico vestido de branco: Doutor.
    Pobre vestido de branco: Sorveteiro.

    Rico de asas: Anjo.
    Pobre de asas: Morcego.

    Rico em um puteiro: Buscando prazer.
    Pobre em um puteiro: Buscando a esposa.

    Logicamente que eu não concordo com muitas dessas coisas, mas é sempre o preconceito que fala mais alto em meio à multidões de desconhecidos que a sociedade gera. Talvez, seja por esse motivo que se fazem necessárias as pesquisas... E o vasto campo de aceitação delas.

    Abraço.

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  2. É, Lis. Também duvidei do que li e resolvi postar mais a efeito de curiosidade mesmo. É bom saber o que essas pesquisas andam tentando descobrir por aí. Mas no campo das ciências humanas é muito difícil se chegar numa tese definitiva, né?
    Bem verdade o que você disse. Muito boas suas observações... acrescentaram bastante! abraços a vc tb!:)

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